domingo, agosto 17, 2008

As casas

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De noite as casas saem dos esconderijos,
curvam-se sobre a solidão dos seres
e os seres correm desvairados
gritando inocência.
As casas atiram o silêncio contra a noite,
rasgam as páginas dos livros sagrados
e no fundo insuportável dos corredores
os seres solitários
começam a abrir os braços lentamente
e a visitação desce sobre eles
e então as casas sossegam
para guardar a luz mansa de outros seres
que nelas renasceram para sempre.


#33. Johannes Vermeer, fragmento de pintura